O órgão dirigente do futebol decidiu bloquear um plano de sete capitães de times europeus de usar braçadeiras promovendo os direitos dos homossexuais, ameaçando-os com cartões amarelos, mas a atitude acabou não sendo suficiente para calar os atletas alemães.
Atitude que falou muito
Enquanto os fotógrafos se alinhavam no Khalifa International Stadium para se preparar para o ritual tradicional de tirar uma foto do time, os jogadores da Alemanha fizeram da Copa do Mundo o momento de se posicionarem a favor de direitos.
Levando a mão direita à boca e mantendo-a ali até a última foto ser tirada, a Alemanha se envolveu em um ato silencioso de rebelião contra a FIFA. Pois a entidade havia impedido seu capitão de usar uma braçadeira multicolorida na partida como parte de uma campanha de justiça social.
Reação
A ação ocorreu dois dias depois que a Fifa impediu não apenas a Alemanha, mas também várias outras seleções europeias de usar braçadeiras que promoviam os direitos dos homossexuais, ameaçando as seleções com medidas disciplinares. Essa decisão que enfureceu as equipes e levou a acusações contra o organizador do torneio, mas a decisão acabou sendo seguida.
A campanha teve como objetivo conscientizar grupos marginalizados no país anfitrião, o Catar, que criminaliza a conduta homossexual. As seleções notificaram a Fifa sobre seus planos em setembro. Mas só receberam uma resposta horas antes da Inglaterra, a primeira entre as seleções a se posicionar, fazer sua primeira partida na segunda-feira.
As seleções acabariam multadas por violar os rígidos regulamentos de uniformes da FIFA, era o esperado. Mas, em vez disso, acabaram informadas de que seus capitães receberiam um cartão amarelo.
Não é negociável
“Não se tratava de fazer uma declaração política, os direitos humanos não são negociáveis.” Disse a seleção da Alemanha em um comunicado publicado em sua conta oficial no Twitter momentos após o início da derrota por 2 x 1.
“Isso deveria ser dado como certo, mas ainda não é o caso. Por isso esta mensagem é tão importante para nós. Negar-nos a braçadeira é o mesmo que nos negar a voz.” Completou.
A Alemanha tem estado entre as seleções mais ativas sobre as questões de direitos humanos no Catar. Banners criticando o país e a FIFA tem sido vistos regularmente nos jogos da Bundesliga nesta temporada. Os políticos do país também irritaram o Catar com críticas diretas nos dias que antecederam o início da Copa do Mundo. Apesar das ameaças e punições que ainda podem surgir, parece que atitudes como essa ainda vão ocorrer muitas vezes nessa Copa.